O primeiro suplente do ex-parlamentar é Wilder Pedro de Morais, ex-marido de Andressa Mendonça, mulher do contraventor; ele foi o 2º maior doador da campanha de Demóstenes.
Desmóstenes Torres e seu substituto Wilder Pedro
Por 56 votos a 19, o Senado aprovou nesta quarta-feira (11) a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Houve cinco abstenções no processo de votação secreta. Assumirá o mandato de senador o primeiro suplente de Demóstenes, Wilder Pedro de Morais, que é ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso desde fevereiro sob suspeita de comandar um esquema de jogos ilegais.
Wilder Pedro é dono da Orca Construtora e de shopping centers em Anápolis e em Goiânia. De acordo com a Justiça Eleitoral, o empresário doou R$ 700 mil para a campanha de Demóstenes em 2010. Com tal valor, Wilder aparece como segundo maior doador de campanha do senador.
Demóstenes chegou a citar o suplente no depoimento que deu no Conselho de Ética. Ao caracterizar sua amizade com Cachoeira, Demóstenes disse que ele discutiam problemas conjugais, que culminaram com a separação de Andressa e Wilder Morais.
Demóstenes foi condenado à perda de mandato pela acusação de ter se colocado a serviço da organização criminosa supostamente comandada por Cachoeira. Ainda não há data marcada para a posse de Wilder Morais no Senado.
Com a decisão do Senado, o agora ex-senador fica inelegível até fevereiro de 2027, de acordo com a Lei da Ficha Limpa - da qual foi relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Ele só poderá concorrer a cargos públicos, portanto, em 2028.
Assim que o resultado foi divulgado pelo painel do Senado, Demóstenes não esperou a proclamação pelo presidente do Senado, José Sarney. Ele se levantou, acompanhado de seu advogado, e seguiu para elevador privativo que o levou até a saída do Senado. Sem dar entrevista, Demóstenes entrou no carro de deixou a Casa.
Antes, em seu discurso de defesa, Demóstenes Torres se disse vítima da imprensa e atacou o relator do seu processo no Conselho de Ética, senador Humberto Costa (PT-PE).
Demóstenes reclamou de ter sido chamado de "braço político" e de "despachante de luxo" de Carlinhos Cachoeira, acusado pela Polícia Federal de comandar uma organização criminosa com a participação de políticos e empresários. "Fui moído, triturado, achacado na minha dignidade", reclamou o senador. “Fui chamado de despachante de luxo, braço político. Como é que eu vou me defender disso, se é como acusar a mulher de vagabunda. Tudo que ela disser vão dizer que ela está equivocada.”
O senador disse ainda que está sendo visto como um "bode expiatório". “Querem me pegar porque vai ficar mal para a imagem do Senado", destacou Demóstenes. O senador repetiu que a mentira não configura quebra de decoro parlamentar. "Eu não menti, mas mentir não é quebra de decoro. Um senador não pode ser julgado pelo que fala na tribuna porque senão não sobra ninguém", atacou Demóstenes.
Em seus 40 minutos de defesa, o senador Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, voltou a dizer que é inocente e foi “perseguido como cão sarnento”. Demóstenes disse que não teve direito à defesa e comparou seu caso ao do senador Humberto Costa (PT-PE), acusado e depois inocentado no escândalo que ficou conhecido como máfia dos vampiros.
“Quero o mesmo tratamento de Humberto Costa. Por que minha cabeça tem que rolar? Eu provei aqui várias vezes que fui inocente, quero o direito do tempo, o direito da ampla defesa e do contraditório. Por que me negaram o direito à perícia?”, afirmou.
O senador goiano questionou a pressa com que seu caso foi resolvido, afirmou que em nenhum momento das investigações da Polícia Federal na Operação Monte Carlo ele é considerado membro da organização criminosa de Cachoeira.
Fonte: ig.com
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