História da Cidade

No início do século XVII, precisamente em 1614, o Capitão Francisco Rodrigues Coelho, recebeu algumas datas de terra, que deram origem ao Ferreiro Torto, e ergueu o Segundo Engenho da Capitania do Rio Grande: o Engenho Potengí.
Em meados do século XVII, Macaíba ainda não existia como unidade político-administrativa. Somente os sítios do Ferreiro Torto, Uruaçú e Jundiaí eram habitados por portugueses, mestiços e índios que trabalhavam na agricultura rudimentar, exploração de engenho e pecuária.
No século XVIII, entre 1780 e 1795, surgiu o primeiro nome da vila emergente: Coité. Este nome foi dado pelo Coronel Manoel Teixeira Casado.
Árvore de grande fruto não comestível, que servia para fazer vasilhas, era muito vista em toda a vila. O proprietário do povoado era o português Francisco Pedro Bandeira, que se instalou no fluorescente Engenho.
Por volta de 1855, Fabrício Gomes Pedroza, paraibano de Areia, comerciante de alto prestígio, mudou o nome de Coité para Macaíba, uma palmeira com frutos pequenos, buchuda no meio, apreciada por muitos, inclusive por ele. Existiam muitos exemplares da palmeira na propriedade do comerciante “Seu Fabrício”.
No final do século XIX, precisamente no dia 27 de outubro de 1877, através da Lei 801, a Vila foi elevada à categoria de Município, denominando-se Município de Macaíba, ganhando, portanto autonomia político-administrativa. Somente em 1882 foi conhecido seu primeiro administrador, o senhor Vicente de Andrade Lima.
Macaíba, cidade localizada às margens do Rio Jundiaí, é berço de muitos filhos ilustres, dentre eles Auta de Souza, poetisa; seu irmão Henrique Castriciano de Souza (ex-vice-Governador do Estado, Fundador da Escola Doméstica de Natal e da Academia Norte-riograndense de Letras); Dr. Octacílio Alecrim, escritor e um dos mais respeitados juristas do seu tempo; Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, professor, político, aeronauta inventor do dirigível balão PAX; Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão, ex-Governador do Estado por dois mandatos; Augusto Tavares de Lyra, ex-Governador, ex-Ministro de Estado do governo Afonso Pena e um dos maiores oradores do Brasil.
Como pontos históricos destacam-se o Solar do Ferreiro Torto, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a Capela de São José (mais antiga da cidade), o Solar da Madalena, Capela da Soledade, casa onde nasceu Henrique Castriciano, Obelisco Augusto Severo, Casarão dos Guarapes e Solar Caxangá.



Porque a Expressão "Pisa na Fulô" ?

Macaíba viveu muito tempo sob o embalo do Pisa na Fulô nos anos 50. O baião de Luiz Gonzaga foi o refrão do povo na campanha política de 1958 para Prefeito Municipal. De um lado, Alfredo Mesquita Filho (oposição), e do outro Leonel Mesquita, seu sobrinho e genro, pela UDN, apoiado pelo governo do Estado. A campanha foi a mais acirrada de todos os tempos.

Na feira da cidade, havia um cego, preto, exímio tocador de reco-reco, que juntava ao seu redor bastantes curiosos. Um dia, resolveu entrar no cancioneiro político solfejando estes versos: “Pisa na Fulô, Pisa na Fulô... Pisa na Fulô, Seu Mesquita já ganhou...”. Não preciso comentar o êxito da musiquinha, que logo incomodou o pessoal da situação. Do sucesso ao desastre ou à fama. O ceguinho foi preso pela polícia, dia de sábado, com a feira formigando de gente. “Em Macaíba”, ditou o Delegado, “é proibido cantar ‘Pisa na Fulô’”. Foi o suficiente para popularizar a campanha do velho Mesquita, que a venceu contra todos os poderes da máquina administrativa do Município e do Estado.

A campanha contagiou Natal, a ponto de os ônibus da empresa São Cristóvão, linha Natal-Macaíba, de propriedade do vice-prefeito derrotado da chapa da UDN, serem apedrejados e vaiados diariamente do Alecrim às Quintas pelas multidões enfurecidas, durante muito tempo. Foi o triunfo da humildade sobre a prepotência. Macaíba começou aí a entrar para o “foquilore”.

Texto de Valério Mesquita publicado no livro Macaíba de Seu Mesquita 2ª