O presidente Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidiu levar a
voto no dia 3 de julho a polêmica PEC 37. “A Casa tem que ouvir o que as
ruas estão dizendo e se conectar com elas”, disse o deputado ao blog na
noite passada. “A Câmara tem que mostrar o quer quer, tem que mostrar a
sua cara. E a maneira de fazer isso é votando.” A PEC 37 é aquela
proposta de emenda à Constituição que confere às polícias federal e
civil o monopólio das investigações criminais. Se aprovada, vai retirar
do Ministério Público a prerrogativa de realizar investigações próprias,
como faz hoje. Embora o tema seja árido, acabou virando um dos motes
dos protestos que enchem as ruas do país há duas semanas. Alheios à
terminologia do parlamentês e do juridiquês, dois idiomas complicados,
os manifestantes cuidaram de simplificar o trololó de Brasília. No
meio-fio, ficou entendido que, com a PEC 37, haverá menos investigação. E
as ruas informam que preferem manter o Ministério Público no jogo, para
que haja mais investigação. Antes da explosão do asfalto, previa-se
que a PEC 37 seria aprovada na Câmara com facilidade. E agora? “Sinto
uma tendência de mudança”, afirma Henrique Alves, com a experiência de
quem frequenta a Câmara há 42 anos. “Essas manifestações revelaram em
todas as cidades uma rejeição muito grande à PEC. Mesmo parlamentares
que assinaram a emenda, para permitir que ela tramitasse, hoje nos
procuram com outra conversa.” O presidente da Câmara declara que
“gostaria muito que delegados e procuradores chegassem a um acordo.”
Admite, porém, que o grupo formado com o propósito de “harmonizar” os
interesses das duas corporações dificilmente produzirá uma
contraproposta consensual.
Senadinho Macaíba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário